
O Trajeto Moda foi a referência profissionalizante para o Kilombu Modas, como explica Josiany. “Fizemos curso de corte e costura, aprendemos sobre empreendedorismo e ficamos fortes para competir no mercado. Hoje produzimos o que comercializamos com nosso próprio conhecimento e aprendizado, o que representa forte amadurecimento profissional e consolidação da gente como empresa”.
Para além de oferecer suporte profissional e prático, o Trajeto Moda também age socialmente ao proporcionar rodas de conversa e dinâmicas com defensores públicos, bem como aulas expositivas sobre violações de direitos, ações especialmente voltadas para mulheres na linha da pobreza em situação de vulnerabilidade, desde as que sofrem ou sofreram violência doméstica, mães solos, que vivem em insegurança alimentar, até as idosas de baixa renda.
Os planos da empreendedora e líder comunitária são auspiciosos. “Queremos mostrar à nossa comunidade que as possibilidades não estão só nos grandes centros. O campo também viabiliza sonhos. Nós, do Quilombo Santa Cruz, temos a chance de fazer acontecer nossas melhores ideias, se entusiasma Josiany, que complementa: “temos objetivo de permanecer dentro da comunidade e poder, dentro desse lugar enquanto rural e quilombola, trabalhar a questão da moda traz potencialidade e esperança”.
A proposta do Kilombu Modas também inclui o fortalecimento da economia municipal, mas não só isso, essas mulheres de garra também almejam ocupar lugares mais abrangentes, conquistando outras regiões. “Assim inspiramos outras mulheres a sonhar”, conclui Josiany.
Siga o perfil do projeto: @kilombumodas
Trajeto Moda
O desenvolvimento do projeto iniciou em 2020 com a participação de mais de 30 voluntários do mercado de moda, entre eles empresários, acadêmicos e executivos do setor. Em 2021 foi realizado no Aglomerado da Serra um programa piloto em parceria de qualificação técnica com o SENAC, Defensoria Pública, Polícia Militar e Civil, Ministério Público e a UFMG, que acolheu as participantes do interior na sua moradia estudantil.
Desta ação nasceu o “Trajeto Moda”, que foi elaborado para ser executado em cinco etapas distintas: na primeira as mulheres recebem aulas expositivas sobre violações de direitos, leis, autoestima e atitudes profissionais em rodas de conversa e dinâmicas com defensores públicos e profissionais do mercado, paralelo as aulas práticas com máquinas e ferramentas para conclusão do curso de costura. Na segunda etapa é aplicada uma ferramenta de modelo de negócios para orientar as mulheres certificadas como e em qual segmento da moda elas vão atuar. Na terceira vem a qualificação específica de modelagem dos produtos, empreendedorismo, associativismo e educação financeira, além do curso de manutenção de máquinas de costura para seus familiares. A quarta e quinta etapa são ações que focam no monitoramento e na expansão de mercado para todas mulheres certificadas nas 3 etapas anteriores.
Em 2022 iniciou o processo de interiorização do projeto, fechando acordo de cooperação com 33 prefeituras. Atualmente o projeto está em fase preparatória para ser executado no início de 2023 em 16 municípios com baixo IDH: Ataléia, Bonito de Minas, Caraí, Crisólita, Catují, Frei Gaspar, Novo Cruzeiro, Ouro Verde de Minas, Coluna, Frei Lagonegro, Rio Vermelho, Felisburgo, Mata Verde, Joaíma, Varzelândia e Rubelita, além de outras 18 cidades: Diamantina, Couto Magalhães, Serro, Guaraciama, Pedras Maria da Cruz, Carlos Chagas, Governador Valadares, , Almenara, Capitão Eneas, Monte Azul, Buritizeiro, Francisco Sá, Salinas, Taiobeiras, Igarapé, Uberaba, Ribeirão das Neves e a continuidade do piloto em Belo Horizonte.